De paciente para paciente
Por Ana Júlia Resende

Gostaria de iniciar meu relato com uma breve passagem escrita por mim em abril de 2021, poucos dias após o meu diagnóstico de Esclerose Múltipla:
“Dias intermináveis se passaram até que eu chegasse à conclusão de que “ressignificar” é o termo correto para a ação do tempo sobre os tropeços da vida. Meu medo foi transformado em força. Descobri que, dentro de mim, há uma sede insaciável por viver. Isso só foi possível quando tudo pareceu escorrer pelas minhas mãos. Sonhos, vontades, desejos. Como um passe de mágica tudo parecia ter sumido. Essa é a nova eu. Mais forte do que nunca. Com uma coragem imbatível. Com o desejo inabalável de tocar o céu. E por favor, não me puxem para baixo! Nasci para voar. Agora, carrego dentro de mim a certeza de que posso alcançar tudo aquilo que um dia sonhei. Morreu a menina, definitivamente. Nasceu a mulher. Mais brilhante e reluzente do que nunca. A esperança tomou conta do meu ser. Antigas crenças foram revividas. O amor floresceu dentro de mim. Renasci.”
Recebi o meu diagnóstico de Esclerose Múltipla no dia 05/04/2021, dia do meu aniversário de 19 anos. Ainda hoje me lembro do enorme sentimento de medo que tomou conta de mim no momento em que as palavras “Você tem Esclerose Múltipla” ressoaram no meu ouvido. Durante alguns dias, nada foi capaz de interromper as lágrimas nos meus olhos. Nenhuma palavra de consolo e nenhum ombro amigo foram capazes de me livrar de tamanha dor. Era como se tivessem tirado algo de mim, como se houvesse um buraco na minha alma e no meu coração.
O tempo passou e com ele o brilho dos meus olhos voltou. Me lembro de olhar para o pôr-do-sol e perceber que ele estava reluzente novamente, como ele costumava ser antes do meu diagnóstico. Para isso foi necessário o remédio mais precioso: aprender a respeitar o tempo. Aprender a respeitar o meu tempo de sofrer, o meu tempo de chorar e de me questionar como seria minha nova vida após o diagnóstico. O meu sorriso não voltou de um dia para noite, o tempo após o meu diagnóstico me trouxe o sentido da palavra “ressignificar”.
Hoje, convivo com a Esclerose Múltipla há 3 anos, não apenas como paciente, mas como médica em formação. Sou estudante do 9º período do curso de Medicina e, graças ao meu diagnóstico, descobri minha paixão pela Neurologia. Receber o diagnóstico de Esclerose Múltipla foi, com certeza, o momento mais desafiador da minha vida. Porém, hoje, quando penso no meu diagnóstico, sou tomada pelo sentimento de gratidão. Através do meu sofrimento, descobri minha força, revivi minha fé e fiz crescer minha coragem. A Esclerose Múltipla não é mais um peso para mim. Ela é quem eu sou: uma mulher destemida, resiliente e corajosa.
Para todos que estão passando pelo momento de diagnóstico de Esclerose Múltipla, ou que convivem com ela, desejo que tenham paz, resiliência e calma. Um diagnóstico não é uma sentença, pelo contrário, é uma oportunidade para descobrir que dentro de você há uma força muito maior que você imagina. Basta você acreditar!
Ana Júlia Resende
22 anos, estudante de medicina do 9º período da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais e estagiária da Dra. Juliana.
A Ana Júlia é uma inspiração para todos nós! Quer conhecer mais da sua história inspiradora? No seu perfil do Instagram, Ana Júlia mostra que a esclerose múltipla não é um limite para seus sonhos. Vale a visita!
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